Os corredores do Congresso Nacional ecoaram com o som de máquinas de produção de conteúdo, as redes sociais foram inundadas por postagens patrocinadas, e os gastos com publicidade atingiram um novo patamar em 2023. De acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo, os deputados federais brasileiros estabeleceram um recorde no uso da verba pública, conhecida como “cotão”, para a divulgação de suas atividades parlamentares.
O “cotão” é uma espécie de fundo destinado a custear ou reembolsar despesas dos deputados, incluindo aluguel de escritório, combustível, alimentação, passagens aéreas e hospedagem, entre outros. No entanto, em 2023, uma parcela significativa desse montante foi direcionada para a promoção pessoal dos parlamentares.
Segundo a Folha de S. Paulo, o percentual destinado à divulgação do mandato atingiu o seu auge desde a implementação do atual formato do “cotão” em 2009, quando apenas 19% eram destinados a essa finalidade. Em 2023, esse número subiu consideravelmente.
O jornal relata que 2020 detinha o recorde anterior, com 34,4% da verba do “cotão” destinada à divulgação parlamentar. Esses gastos englobam a produção de conteúdo, manutenção de redes sociais, impressão de jornais e panfletos, bem como propagandas ou patrocínio a sites e blogs alinhados nos estados.
No ranking dos maiores gastadores dessa verba para divulgação, o deputado Eunício Oliveira (MDB-CE) liderou a lista, utilizando R$ 494 mil ao longo de 2023. Em sua defesa, o parlamentar argumentou que esses recursos foram destinados à produção e edição de vídeos para a internet, além da manutenção de seus perfis no Facebook, Instagram, Twitter, TikTok e WhatsApp profissional. A média de gastos entre todos os parlamentares foi de R$ 162 mil durante o ano.
Segundo as regras da Câmara, a verba mensal não utilizada pelos deputados se acumula nos meses seguintes até dezembro. Caso não seja utilizada até então, retorna aos cofres públicos.
Após Eunício Oliveira, figuram na lista dos maiores gastos a Dra. Alessandra Haber (MDB-PA) com R$ 460,8 mil, Sonize Barbosa (PL-AP) com R$ 442,6 mil, Pastor Gil (PL-MA) com R$ 423 mil, e Adail Filho (Republicanos-AM) com R$ 421,9 mil. Esses números levantam debates sobre a transparência e a adequação dos gastos dos parlamentares, enquanto a sociedade busca compreender a alocação efetiva desses recursos em benefício do interesse público.