Foto: Bet
Por Livia Veiga
Desde o anúncio da morte do Papa Francisco, na manhã da última segunda-feira (21), o mundo está voltado às homenagens ao pontífice e à expectativa acerca do conclave que elegerá o próximo líder da Igreja Católica. Dentre os possíveis sucessores, está o cardeal Dom Sergio da Rocha, arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil, que embarcou na terça-feira (22) com destino à capital italiana.
Durante entrevista coletiva, Dom Sergio da Rocha afirmou “não ter muito a dizer sobre o que vem pela frente”, se atendo ao pontificado do Papa Francisco e à sua experiência como membro do conselho de cardeais, em muitas reuniões em que esteve presente no Vaticano. “Espero estar lá o quanto antes, participar da missa e permanecer para o conclave”, adiantou.
Acerca da sua participação no conclave, o arcebispo revelou que “o futuro está nas mãos de Deus”. Segundo Dom Sergio, a regra é que o rito aconteça no prazo de 15 a 20 dias. “O conclave é um momento solene, oficial, em que os cardeais se reúnem para oração e escolha do papa. Só que o conclave é precedido de reuniões”, afirmou.
Em levantamento realizado pela CNN Brasil, especialistas apontaram que o sacerdote brasileiro, Dom Sérgio da Rocha, teria maior chance de ser o novo papa. Isso porque, segundo o veículo de imprensa, como um dos sete cardeais brasileiros que vão participar do conclave, o arcebispo é o único brasileiro a integrar o conselho de cardeais (conhecido como C9), criado em 2013, com função de aconselhamento junto ao Papa Francisco.
Acerca da possibilidade de estar entre os nomes cogitados para assumir o pontifício, o arcebispo de Salvador preferiu não se antecipar, afirmando ter mais a dizer sobre o Papa Francisco do que sobre o conclave. “O conclave está nas mãos de Deus. Certamente, o Espírito Santo irá conduzir os cardeais eleitores e nos ajudará a tomar a decisão que for aquela que Deus quer para a Igreja. Então, há sempre especulações a respeito de um futuro papa, mas é preciso, primeiramente, respeitar esse momento em que nós vamos estar, ainda, em oração”, pontuou Dom Sergio da Rocha.
Segundo ele, mais tarde, haverá o momento em que toda a igreja será convidada a rezar pela eleição do futuro papa. Quanto às especulações, Dom Sergio completou: “elas sempre existem, mas nós sabemos que o Espírito Santo sempre surpreende a Igreja; nos últimos conclaves tem havido surpresas”.
Apesar da expectativa em torno do brasileiro, especialistas entrevistados pela imprensa internacional acreditam ser remota a probabilidade de um novo papa ser novamente latino-americano. Além de Dom Sergio, participarão dos ritos de eleição do novo Santo Padre, os cardeais brasileiros Jaime Spengler (arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), João Braz de Aviz (arcebispo emérito de Brasília), Leonardo Ulrich Steiner (arcebispo de Manaus), Odilo Scherer (arcebispo de São Paulo), Orani Tempesta (arcebispo do Rio de Janeiro) e Paulo Cezar Costa (arcebispo de Brasília).
O conclave está previsto para o início de maio, pois o rito acontece após o velório e sepultamento do papa, previsto para o próximo sábado (26), seguido de um período de luto de nove dias. Depois desse prazo, o Vaticano convoca o Colégio Cardinalício e, em votação secreta na Capela Sistina, 135 cardeais eleitores decidirão quem será o novo pontífice.
A previsão é que o conclave se estenda por poucos dias, a exemplo do último rito que teve dois dias de duração até o anúncio do novo pontífice escolhido, simbolicamente marcado pelo lançamento da fumaça branca. Durante o período em que cardeais com menos de 80 anos estarão reclusos para a emblemática decisão, serão realizadas reuniões sobre temáticas de interesse da Igreja e do planeta em geral.
Em entrevista à Agência Brasil, Dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito de Aparecida (SP) esclareceu que o conclave é um tempo de silêncio, oração e ponderação. Segundo ele, o colégio eleitoral é representado por cardeais de todas as periferias do mundo.
Durante a entrevista coletiva concedida ainda na manhã desta segunda-feira (22), Dom Sergio da Rocha destacou um aspecto nem sempre recordado: o fato de o Papa Francisco ter valorizado a Igreja e os povos em países que não são devidamente apreciados na geopolítica mundial. “O papa nomeou cardeais, por exemplo, de países que nem sempre são reconhecidos e valorizados, procurou ampliar a participação da Igreja representada no mundo inteiro, na cúria”, ressaltou.
Trajetória de Dom Sergio da Rocha
Nascido em Dobrada, no estado de São Paulo, no dia 21 de outubro de 1959, Dom Sergio recebeu a Ordenação Diaconal na Igreja Santa Cruz de Matão (SP), no dia 18 de agosto de 1984. No mesmo ano, em 14 de dezembro, recebeu a Ordenação Presbiteral na Matriz da Paróquia Senhor Bom Jesus de Matão (SP), na Diocese de São Carlos.
Dom Sergio da Rocha foi nomeado como bispo auxiliar da Arquidiocese de Fortaleza (CE), em 2001. O Cardeal é mestre em Teologia Moral pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo, e doutor pela Academia Alfonsiana da Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, em 1997.
Em 31 de janeiro de 2007, foi nomeado pelo Papa Bento XVI como arcebispo coadjutor da Arquidiocese de Teresina (PI), iniciando o pastoreio em 30 de março de 2007 e, pouco mais de um ano depois, em 3 de setembro de 2008, assumiu a Arquidiocese como Arcebispo Metropolitano. No dia 15 de junho de 2011 foi nomeado pelo Papa Bento XVI, Arcebispo Metropolitano de Brasília, tendo sido acolhido na Catedral Metropolitana em 6 de agosto de 2011.
Permaneceu na Arquidiocese de Brasília até ser nomeado pelo Papa Francisco como Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, em 11 de março de 2020. Foi criado Cardeal pelo Papa Francisco no Consistório realizado na Basílica de São Pedro, em 19 de novembro de 2016, recebendo o título da Basílica de Santa Cruz na Via Flaminia, em Roma.
O Cardeal foi presidente da CNBB, de 2015 a 2019, e relator geral da XV Assembleia dos Bispos, em 2018, que teve como tema a juventude. Dom Sergio é membro do Conselho da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos (Vaticano), da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL), da Congregação para o Clero (Vaticano) e da Congregação para os Bispos (Vaticano).
Fonte: Tribuna da Bahia